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Nativo de Mococa, a Macondo da Mogiana (não sabe onde fica Macondo? Leia "Cem anos de solidão" que você descobre)
"Amar e mudar as coisas me interessa mais" (Belchior)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Poética

















a ideia é a ideia paixão é a ideia é estar apaixonado por uma idéia ideia assim com acento eu gosto paixão ideal ou ideologia de estar apaixonado poridéia


poesia

se faz com palavras não com idéias mas pra mim a ideia é a voga o que rola e o que mais tá tendo neste mundo vasto mundo onde tantas pedras em caminhos e galáxias e estrelas dois e dois são sim quatro num mundo exato que não vivo e transpiro e repito que piro antropofágico e enrosco essa rosca soberba e bebo bobo da chama da graça da fonte ser que jorra eus em profundas colisões de despachos em boutiques dos amanhãs em logros e diamantes que cintilam em pescoços de mendigos e saber estar apaixonado é a paixão de estar e ser e viver e sentir e sonhar e esperançar-se um algo melhor em si que busca estar em si e não acha o ser em si e sentir-se sem si e ninguém alguém algures seja e nenhures ficaqui em si e sê são enquanto essa paixão te aguarda e te pega e estupra teus poros e masturba tua pele e fricciona tua mente dentro da cabeça e esqueça que outra coisa há em ti e te segura que a vida vai ser dura e perceba e se meta e se remeta ao verso em prosa e reverso sem fortuna e sem glória e sem consideração e sem amor só tesão e força dentro de ti que expulsa palavras e te manda às favas da vida mundana e mesmo assim não se assemelhas a esses mundos e charadas serão sempre as coisas e os sentidos em suma soltos serão as vozes dessa cabeça que agora é muitos eu em você e você nunca saberá se é vossa mercê vosmecê ou você ou ocê ou cê ou c e então não haverá conclusão pois a linguagem é limítrofe é muralha da expressão e impede o que se impele ao pleno mas pra que tentar ser pleno se em plena visão a dúvida se instala e estala a vida e a pouca parte de desejo de sentir que sobra é muito e intensa e sopra forte dentro e fora de dentro pra fora de fora pra dentro estímulo não falo de sexo falo de arte que bate e lateja o traço da pena que rabisca mas eu escrevo no computador mas sinto que isso é minha pena e a minha plena convicção de artista que tento ser me faz louco assim e não tente entender e aceite o que há de ser ver e veja ouça tateie fale cheire pense ame lute que isso te faz eu em ti ou ti em ti mesmo não sei por que quero abraçar talvez o mundo seja pequeno e nem se sabe por onde começar talvez a luta seja em vão outros diziam mas lutarei essas palavras me maltratam assim como aquela dona que um dia não me deu bola mas assim mesmo se faz se cria se projeta si em algo fora de si e se faz então criação e veloz e atroz nos dá voz e é nóis nessa fita que agora é minha e de mim se afasta e me sacia as partes que não consigo decifrar então preencher com fôlego deve haver um débito e um crédito em cada coisa que se cria os preços são a custa que se paga nesta vida descabida e fudida e mal-paga e gratuita mas se for assim de graça não tem graça e a graça que nos abençoa é o que voa no vão das coisas que vão de nós a eles e quem são eles são talvez aqueles e quem são aqueles são os que cantam a canção ou seja eu e tu e ele e nós e vós e eles e tudo e todos e a gente que vamos e a gente que fumos e a gente que iremos e em intentos quereremos mais e tentaremos mais e talvez nunca chegaremos nem lá e sim em lugar nenhum e aqui acolá e cá e por entre e dentro vem de baixo pra cima de cima pra baixo de ladinho e não se deve esquecer que tem de ser de verdade mas qual verdade a verdadeira ou a que se apresenta que aparenta ser a mais indigesta e compreender é que são elas e se desdobrar e redobrar esforços sem força pra resistir e resistência é coisa elétrica então o poema é elétrico desperta fagulhas em mentes que podem ou não brilhar é essa fagulha de criação ética estética que pode ser imoral ilegal ou engordar mas que se danem os nós não quero a fruta e sim o sabor e virar estranho se perceber em suas entranhas o quão aberração se torna e se fode quem não entender. E ponto.

 14/10/2009
23:34

por Ricardinho Sales

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Exata solidão

por Ricardinho Sales













Ah! Esta solidão!

Esse estar sozinho em qualquer caminho
esse tráfego por entre e dentro
essa balbúrdia sem alarde no subúrbio
esse querer junto aos outros submundos
essa quimera em utopia metafórica
essa entropia proposital estrambótica
esse daltonismo ao conhecer alguém
esse chão que se pisa sem ser dono


essa sordidez acesa que acena
essa coisa grande que não amansa
essa mansidão virtual de mula manca
esse eufórico som agudo inaudível
essa vontade falsa do incrível
esse talho na alma do cerne ferido
essa esperança moribunda e febril
esse sorriso de brilho fosco à luz da lua
esse cambalear constante pela rua


esse sentimento de posse do nada absoluto
essas cores que evocam um paraíso perdido
essa luz que afaga a falta de sentido
essa plenitude preenchida no vazio
essa água turva que solidifica o rio
essa suavidade mórbida no cocoruto
essa chama acesa remetendo ao luto
essa saudade do que ainda nem sei
essa trindade religiosa que é lei


essa turba de calma na tempestade
esse delírio tênue no cós da realidade
isto que introspecta e semimata
essas possibilidades que não se abarcam
essa parede intransponível na emoção
feito campo-de-força no empedrado coração
que de tanto líquido mole que bate
se fura em sensibilidade e arde
machuca e corrói a sombra
dessa solidão que teimo em viver.



17/04/09
12:19:41