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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O suicida


por Ricardinho Sales

 
Tergiversou. Quase defenestrou-se. Sacou do cérebro as razões e motivações para entender porque estava fazendo aquilo. Por um instante, se arrependeu de arrepender-se e quis continuar com tal atitude. Registrou num flashback o momento, marcou aquela página no livro de sua vida e seguiu adiante. Escureceu. A noite já estava adulta quando veio o sono. Mas não queria dormir. Não era notívago nem insone. Apenas normal. E era isso que não suportava. Viu-se ao espelho, odiou-se. Cortou os pulsos, deixou o sangue encher a banheira até a metade. Como demorava a morrer, entrou na mesma com o secador de cabelos ligado. Ao sentir o choque sanguíneo, se arrependeu novamente, mas ainda assim, virou o copo de veneno de rato com uísque que havia preparado.



Tentou sair, mas estava fraco. A eletricidade restringia seus movimentos. Lerdo como uma lesma manca, conseguiu se levantar. Quando se firmou com dificuldade 10 os pés, viu-se novamente ao espelho: pálido, cara de morto, o sangue jorrando.



Foi aí que escorregou no visgo, bateu a nuca na quina da banheira. A cabeça abriu, mais sangue verteu. A partir dali, deixara de existir. O seu gás já havia subido.



No atestado de óbito, a causa mortis foi definida como traumatismo crânio-encefálico. O que deu crédito à sua justificativa suicida no bilhete tradicional:







“Tudo o que eu tento fazer sempre dá errado.”







2005

2 comentários:

  1. sugerindo a ele enforcamento pelos pés para não ter falta de ar ou ser decaptado pela barriga como tu dissestes.... Muito bom o texto. Adorei!!!!

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  2. ai tadinhoo rsrs

    ameei esse texto. mt foda msm.

    “Tudo o que eu tento fazer sempre dá errado.”
    essa frase ainda vai ecoar um tmpo na minha mente

    parabéns *0*

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